quarta-feira, 12 de abril de 2017

Auto da Barca do Inferno

O Auto da Barca do Inferno, uma peça teatral, foi apresentado pela primeira vez em 1531, é a primeira parte da trilogia das Barcas, a obra prima de Gil Vicente. O Auto não tem  uma estrutura definida, é classificado como um Auto de moralidade, mesmo que muitas vezes se aproxime  da  farsa.
A peça inicia-se num porto imaginário, onde se encontram  duas barcas, a Barca do Inferno, cuja tripulação é o Diabo e o seu Companheiro, e a Barca da Glória, tendo como tripulação um Anjo na proa.
Apresentam-se a julgamento as seguintes personagens:

Fidalgo,um representante da nobreza;         
Onzeneiro, um agiota;
Joane, chamado de Parvo, um tolo e inocente que vivia de forma simples;
Sapateiro;
Frade;
Brísida Vaz, uma alcoviteira;       
Judeu, chamado de Semifará;   
Um Corregador e um Procurador, representantes da lei.    
Um homem que morreu enforcado 
Quatro Cavaleiros que morreram defendendo o cristianismo.

Cada personagem discute com o Diabo e com o Anjo para qual das barcas entrará. No final, só os Quatro Cavaleiros e o Parvo entram na Barca da Glória, todos os outros rumam ao Inferno.


Trecho:


“Primeiramente, no presente auto, pressupõem-se que, no momento em que acabamos de morrer, chegamos subitamente a um rio, o qual, por força, teremos de passar num dos dois batéis que estão atracados num porto. Um deles vai em direção ao paraíso e o outro para o inferno. Os tais batéis têm, cada um, os seus comandantes na proa: o do paraíso um anjo, e o do inferno um comandante infernal e um companheiro.”


“[...]DIABO
 À barca, à barca, venham lá!
 Que temos gentil maré!
– dirigindo-se ao companheiro –
Ora põe o barco à ré! (vira a traseira do barco)

COMPANHEIRO DO DIABO
Está feito, está feito! [...]”

“[...] ANJO
Não se embarca tirania,
Neste batel divinal.

FIDALGO
Não sei porque negais entrada
 À minha senhoria...
[...]”




Obra completa:

6 comentários: